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segunda-feira, 25 de julho de 2022

Sãtya-siddhi-shãstra Capítulo 151 - A refutação da causalidade

 

Sãtya-siddhi-shãstra

Capítulo 151- A refutação da causalidade.

O defensor do ponto de vista do nada afirma: caso exista o fruto ele deve surgir tendo uma característica (Guna) prévia ao seu surgimento. Se formos supor o surgimento sem a existência prévia desta característica (Guna) existem dois equívocos. É da mesma forma com que não pode existir o som entre duas mãos antes delas se tocarem, ou que é impossível o surgimento do vinho sem os materiais que o constituem ou que possa surgir uma roda a partir de um lugar prévio aonde não exista uma roda. Assim sendo, o surgimento do fruto pressupõe a existência prévia da característica (Guna), o fruto não pode surgir sem esta característica. (Guna) Ou seja, é como o surgimento das bases do vento sem sua forma, é preciso que exista aí a forma. Isto seria como a existência de odor em um diamante. Ou ainda é possível constatar que a palha branca produz uma esteira branca, ou que a palha negra produz esteiras negras. Caso fosse possível o surgimento de um fruto sem pressupor uma característica (Guna) como sua causa, como poderiam palhas brancas produzir esteiras brancas ou palhas negras produzir esteiras negras? Em função disto, não é possível o surgimento de um fruto que não pressuponha uma característica (Guna) que lhe seja prévia. Logicamente falando, estas posições se constituem como duas modalidades de engano. Em função disto, não existe o fruto. Ou ainda, se o fruto já existir em meio á causa, de que forma poderá ele voltar a surgir? Se não puder ocorrer o surgimento do nada, como poderá o nada surgir?

Pergunta: caso o pote seja constituído na visão presente, como pode o pote não existir?

Resposta: se este pote não for constituído de forma prévia, como poderá ocorrer esta construção? É em função de sua não existência. Caso ele seja constituído de forma prévia, como é possível falar em constituição? Isto se dá em função de sua existência.

Pergunta: o momento da construção é chamado de construção.

Resposta: não existe o momento da construção. Por que razão? Aquilo que se constitui como o material da construção já existe em seu interior. Em função disto, tudo se dá como o momento da construção. Ou ainda, caso exista a constituição de um pote, ela tem que ocorrer ou no passado, no futuro ou no presente. Ele não foi construído no passado porque este já está extinto. Ele não pode ser construído no futuro porque este ainda não existe. Não pode ser construído no presente por já ter sido constituído como uma existência. A existência se dá em função de uma construção e pressupõe sua atividade. Neste contexto, a construção é incognoscível. Por que razão? Como partes do corpo como a cabeça não desempenham papel na construção, não existe um construtor. Como não existe um construtor, não existe a atividade da construção. Ou ainda, não importa se a causa é anterior, posterior ou simultânea ao fruto, esta tese é inconsistente. Por que razão? Caso a causa seja anterior ao fruto, ela já está extinta: de que forma poderia surgir o fruto? Seria como um filho nascendo sem o seu pai. Caso a causa seja posterior e o fruto anterior, como seria possível o surgimento sem causa? Como a própria causa não teria surgido, como poderia surgir o fruto? Seria como o nascimento de um filho anterior ao pai. Caso a causalidade se dê de uma forma simultânea, isto não seria lógico. Seria como o surgimento simultâneo de dois ângulos. (Chifres?) Não seria possível falar em causas como as já discutidas. Estas três alternativas são extremamente ilógicas. Em função disto, não existe o fruto. Ou ainda existe um erro nesta relação entre causa e fruto seja ela pensada em função de um ou de dois fatores. Por que razão? Caso eles fossem distintos deveria existir a esteira separada da palha, caso fossem idênticos não existiria distinção entre a esteira e a palha. Ou ainda, deveria existir um dharma mundano da causalidade sem distinções. Ou ainda, caso exista um fruto cuja causalidade de dê a partir de si mesmo, do outro, da conexão entre o si e o outro ou sem causa isto seria irracional. Por que razão? Um dharma não pode exercer sua função a partir de si mesmo, caso ele possua identidade ele poderia atuar por si mesmo. Ou ainda, como sua atividade não seria visível, ele não poderia atuar por si mesmo. Por que razão? Não existe nenhuma intenção no surgimento da consciência visual. Assim sendo, não existe a produção através de outro. Ou ainda, como não existe a atividade conjunta, os dharmas não possuem efetividade. A semente não tem intenção alguma em produzir o fruto, da mesma forma, a consciência visual não possui esta intenção. As consciências devem surgir de forma simultânea. Em função disto, não existe intenção nos dharmas. A causa conjunta também não possui consistência porque existem os erros da auto produção e da produção pelo outro. A produção sem causa também é irracional. Caso não existisse a causa não existiria aquele que é chamado de fruto. Se inexistem todas estas quatro modalidades, como pode existir o fruto? Se formos ensinar a existência, devemos a elas nos referir. Ou ainda, caso exista previamente a atividade da mente ou da não mente, caso se trate da atividade mental, de quem seriam as atividades mentais de um feto no útero, elas não poderiam ser exercidas pelos Devas. Conforme foi dito anteriormente a respeito do carma e da ausência de intenção (mente?), é em função da atividade deste carma que existem o passado e a atividade mental. Em função disto, o carma também não é mental. Caso a atividade mental não exista no presente, como seria possível fazer os outros sofrerem ou lhes proporcionar alegria? A ação presente do carma teria por sua exigência a atividade mental. Ela teria que ser efetivada desta forma e não de outra. Caso não existisse a intenção mental, como poderia ela existir? Assim sendo, a existência prévia da intenção ou da não intenção é irracional. Todas estas raízes são incognoscíveis. Em função disto, não existem os dharmas.

Traduzido por: Prof. Dr. Joaquim Monteiro

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