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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Essência 10 - Abhdharmahrdaya

 


Essência-10

Abhdharmahrdaya



Autor: Dharmasresthin

Tradução para o chinês: Sanghadeva

Tradução para o português: Joaquim Antônio Bernardes Carneiro Monteiro.



Décimo capítulo- questões.

“Se no que diz respeito à realização ou não da cerimônia do acolhimento dos preceitos acontecer deles serem novamente realizados depois de seu afastamento sem que isso conduza a uma realização superior. Que responda aquele que puder decidir essa questão! “

Resposta: existe quando ocorre o renascimento na forma a partir do informe.

“Se ao se voltar na direção da realização do fruto supramundano ocorrer o afastamento em relação a todos os males, esse dharma puro e benéfico não conduzir a uma realização em função do cultivo?”

Resposta: ocorre na realização do passado durante um retrocesso.

“Se quando o caminho alcança sua plenitude sem ainda ter ocorrido o afastamento em relação aos diversos males e a emancipação em relação a eles. Que já esteja decidido aquele que aspira responder. “

Resposta: a isso chamamos de aspiração pelo futuro.

“Quando a luz dos ( Devas ) luminosos ofuscada pelas paixões surgir fortemente durante pura absorção inicial provocando o retrocesso.”

Resposta: ocorre em um fruto sem apego com um cultivo mesclado.

“Se ao voltar-se para o caminho da visão alcançando a realização dos dharmas benéficos esse dharma ainda tiver um objeto que não possa ser visto pelos Sábios.”

Resposta: existe nas sabedorias associadas ao cultivo no mundo do desejo.

“Ao voltar-se a sabedoria para um fruto contaminado, separado das puras virtudes sem se afastar de sua intenção. Que fruto é esse?”

Resposta: existe como as transformações da mente no mundo do desejo.

“Se ao voltar-se para o estabelecimento no caminho sem impedimentos realizando as diversas extinções as paixões acompanharem esse movimento que não se assemelha à visão incontaminada?”

Resposta: existe no momento em que são aprendidos e cultivados os diversos caminhos.

“Se ao voltar-se para a não emancipação realizando a pureza sem extinguir as paixões como pode se dar sua eliminação através da pureza?”

Resposta: ocorre quando renascemos no mundo de Brahma a partir do mundo dos ( Devas ) luminosos.

“Se ao voltar-se para a região pura e incontaminada sem possuir a realização, sem se afastar dos desejos, sem retroceder e sem se apoiar no caminho da visão.”

Resposta: ocorre no momento da realização que se afasta dos mundos do desejo e da forma, na realização do caminho do cultivo incontaminado no mundo do informe.

“Se quando, sem realizar os diversos dharmas se alcança um determinado dharma sem abandono e sem realização. Que responda aquele que for capaz!”

Resposta: existe nas demais mentes iniciais incontaminadas. Ao realizar as demais virtudes incontaminadas abandona a condição de ignorante sem realizar os demais fatores.

Essência 5 - Abhidharmahrdaya

 

Essência-5

Abhidharmahrdaya.

Autor: Dharmashrestin

Tradutor para o chinês: Sanghadeva.

Tradutor para o português: Joaquim Antônio Bernardes Carneiro Monteiro.



Quinto capítulo – a respeito dos Sábios

Já estando concluída a explanação referente ao capitulo das paixões, passaremos agora à explanação do capitulo referente aos Sábios.

1- “Da mesma forma com que os Sábios eliminam através dos meios hábeis e da correta sabedoria os obstáculos que se constituem na fonte da ansiedade dos seres sencientes vamos agora proceder a essa explanação. Que todos ouçam bem e com atenção! “

Como a mente inquieta não é capaz de suscitar a visão correta.

2– “Inicialmente direcionamos a mente e a conduzimos à absorção através da atenção ao corpo. E ainda, aspiramos controlar a consciência de forma a extinguir paixões como o ressentimento. Esse meio hábil se estabelece através da contemplação das verdadeiras características do corpo. Esses sofrimentos, a mente e os dharmas devem ser contemplados dessa forma. “

A característica da impureza, a característica da impermanência, a característica da insatisfatoriedade e a característica da ausência de ãtman no corpo- essas verdadeiras características devem ser contempladas de forma constante tendo por referencia algum local do corpo, com a finalidade de estabilizar a mente e afasta-la da confusão. Inicialmente contemplamos as verdadeiras características do corpo. Em seguida contemplamos os diversos sofrimentos e a mente. Em função disso passamos posteriormente à contemplação dos dharmas da mente. Essa contemplação ainda se estende às diversas funções mentais e aos dharmas não mentais. Elas devem ser conhecidas em função de sua natureza e de suas características. Posteriormente ao corpo, ao sofrimento, aos dharmas da mente e às intenções passamos então à análise de seu surgimento:

3– “Penetrando no discernimento geral dos dharmas analisamos suas características comuns. Essa quatro características são a impermanência, o vazio, a ausência de ãtman e a ausência de alegria.”

Que penetrando no discernimento geral dos dharmas analisamos suas características comuns significa que os Sábios discernem as características comuns dos dharmas através da entrada no dharma e da parada da intenção. Ao contemplar as características dos dharmas eles já estão cultivando a parada. Assim sendo, suscitam eles a visão da sabedoria incontaminada contemplando as características gerais do corpo, do sofrimento e dos dharmas da mente.

Questão: de que maneira?

Resposta:

4– “Essas quatro são a impermanência, o vazio, a ausência de ãtman e a ausência de alegria. “

O corpo, o sofrimento, a mente e os dharmas surgem em função da transformação de suas características. Assim sendo, são impermanentes e sem substância própria, são vazios e sem um sujeito e não possuem um ãtman. Como se constituem em uma perversa calamidade são insatisfatórios.

5 – “ A partir daí surge o dharma do calor em função da intenção. Realiza ele as dezesseis atividades discernindo corretamente as Quatro Nobres Verdades. “

Que a partir daí surge o dharma do calor em função da intenção significa que seu discernimento suscita o voltar-se para o objeto benéfico que faz surgir a sabedoria incontaminada. Essa sabedoria consome em suas chamas toda a atividade das formações perversas.

Questão: que atividade é essa? Qual é o seu objeto?

Resposta: sua atividade consiste no discernimento correto das Quatro Nobres Verdades. Essa atividade possui dezesseis objetos. Dentre as Quatro Nobres Verdades quatro atividades contemplam a verdade da insatisfatoriedade. Como a natureza da insatisfatoriedade surge em função de causas e condições ela é impermanente. Como ela se desagrega em função do poder da impermanência ela é insatisfatória. Como não existe uma pessoa em seu interior ela é vazia. Por ser insubstancial ela é ausente de ãtman. Quatro atividades discernem o cultivo, como esse cultivo assume uma característica semelhante a um fruto ele se constitui em uma causa. Essa atividade tem por sua característica a continuidade do cultivo. Como todos os nascimentos e mortes se dão de forma ininterrupta eles se constituem em uma existência. Como a ausência de características é semelhante à continuidade ela se constitui em uma condição. Quatro atividades contemplam a extinção, como ela ainda implica na extinção de todas as paixões, a ela chamamos de extinção. Como ela exclui o foco de todas as paixões a ela chamamos de parada. Como ela é superior a todos os outros dharmas é chamada de extinção prodigiosa. Como abandona o nascimento e a morte é chamada de desconexão. Quatro atividades contemplam o caminho, como o caminho em seu extremo não se constitui em um membro ele é chamado de caminho. Ele é dessa forma por não estar sujeito às inversões. Todos os Sábios são ainda os seus membros. Como ele conduz para a saída e para a superação das paixões do nascimento e morte ele se chama de veículo. São esses os dezesseis aspectos dessa atividade. As raízes benéficas das Quatro Nobres Verdades consistem no direcionamento para esse objeto.

6 – “Ao já estar estabelecido surgem a culminância e a paciência realizando os “Supremos dharmas mundanos”. Esses dharmas se fundamentam em suas características extraordinárias. “

Que já estando estabelecido surgem a culminância e a paciência significa que já estando estabelecido o dharma do calor surgem ainda as raízes benéficas do mundo do desejo como a culminância. Ou ainda, na contemplação dos dezesseis aspectos das Quatro Nobres Verdades esse fator é chamado de culminância por ser superior ao dharma do calor. As raízes benéficas que surgem em função do fortalecimento da culminância são chamadas de paciência. Ou ainda, as dezesseis atividades da contemplação das Quatro Nobres Verdades são chamadas de paciência em função de sua capacidade de suportar. Ao ser realizada a paciência nos estabelecemos nos “Supremos dharmas mundanos” que se fundamentam em suas características extraordinárias. Dentre as virtudes mundanas as que surgem das mais excelentes raízes benéficas são chamadas de “Supremos dharmas mundanos” porque são elas que abrem as portas do Nirvana. Como são as mais excelentes funções dos ignorantes são chamadas de “Dharmas supremos”.

Questão: por que razão se diz que se fundamentam em características extraordinárias?

Resposta: não existem dois tipos de virtudes desse tipo na mente dos ignorantes. Caso elas existissem poderiam abrir os portais do Nirvana em alguns casos e não em outros casos. Assim sendo, dizemos que elas se apóiam em virtudes extraordinárias.

Questão: essas atividades estão incluídas em que condições e em que estágios?

Resposta:

7– “Essas quatro atividades relacionadas à insatisfatoriedade estão incluídas em seis estágios e neles se apóiam. “

Essas atividades relacionadas à insatisfatoriedade tem por seu objeto a verdade da insatisfatoriedade excluindo as quatro demais atividades. Podemos dizer que o objeto da atividade que discerne a verdade da insatisfatoriedade está centrado na impermanência. Por que razão? É da mesma forma no que diz respeito ao objeto do primeiro instante de consciência incontaminada. Que se ensine que ela está incluída em seis estágios significa que esse dharma inclui seis estágios. No intervalo entre as absorções futuras existem essencialmente quatro absorções na medida em que nelas não existe o caminho da visão realizado no mundo do informe.

Questão: aonde são incluídas as demais raízes benéficas?

Resposta:

8 – “ A paciência inclui ainda seis estágios e os demais fatores incluem sete. “

Que a paciência inclui seis estágios significa que os seis estágios da verdade de acordo com a paciência são como os “Supremos dharmas mundanos”. Que os demais dharmas são incluídos em sete estágios significa que o calor e a culminância implicam em sete estágios. Esses seis e o mundo do desejo ainda não se desconectaram do desejo. O mundo do desejo exclui no essencial o mundo da forma.

9– “Posteriormente aos “Supremos dharmas mundanos” surge necessariamente a paciência do dharma. Posteriormente a essa paciência surge a sabedoria que contempla conjuntamente o sofrimento inferior. “

Que posteriormente aos “Supremos dharmas mundanos” surge necessariamente a paciência do dharma significa que posteriormente aos “Supremos dharmas mundanos” surge a paciência incontaminada do dharma que é chamada de paciência do dharma da insatisfatoriedade. Como ela suporta em sua contemplação aquilo que até agora não podia ser suportado ela é chamada de paciência. Ela é chamada de instante incontaminado inicial do caminho sem impedimentos. Que posteriormente à paciência surge a sabedoria significa que surge em seguida a paciência do dharma da insatisfatoriedade. O mesmo objeto recebe a verdadeira natureza do caminho da emancipação.

Questão: qual é o objeto dessa paciência e dessa sabedoria?

Resposta: contemplam conjuntamente o sofrimento inferior. O sofrimento inferior consiste no sofrimento do mundo do desejo e em seus objetos.

10– “ É da mesma forma no que diz respeito ao sofrimento superior que se extingue em função do caminho da extinção. Ao discernir corretamente os dharmas ensina a existência de dezesseis puras mentes. “

Que é da mesma forma no que diz respeito ao sofrimento superior significa que o sofrimento superior consiste nos sofrimentos do mundo da forma e do mundo informe. Em relação a eles também é preciso fazer surgir a paciência do caminho sem impedimentos e a sabedoria do caminho da emancipação. No que diz respeito à sabedoria da paciência que ainda não discerniu o sofrimento ela tem por sua causa a verdade da origem que faz surgir da mesma forma os quatro caminhos como a paciência do dharma da origem do sofrimento. A sabedoria do dharma da origem possui a sabedoria da paciência e a sabedoria ainda não realizada. No que diz respeito à extinção existem da mesma forma quatro caminhos que são o dharma da paciência da extinção, o dharma da sabedoria da extinção, a sabedoria da paciência que ainda não realizou a extinção e a sabedoria que ainda não realizou a extinção. E é da mesma forma no que diz respeito ao caminho. Existem da mesma forma quatro caminhos que são a sabedoria da paciência do caminho, a sabedoria do caminho, a sabedoria da paciência que ainda não realizou o caminho e a sabedoria que ainda não realizou o caminho. Que ao discernir corretamente os dharmas se ensinam dezesseis mentes puras significa que a visão do dharma é um sinônimo do discernimento correto.

11– “Nas raízes aguçadas do praticante em concordância com o conhecimento existem quinze intenções. Devemos saber que no praticante em concordância com a fé estão incluídas as versões mais torpes dessas raízes. “

Que nas raízes aguçadas do praticante em concordância com o conhecimento existem quinze intenções significa que se aqueles quinze instantes de consciência pertencerem a raízes aguçadas em sua culminância ensinamos ser esse o praticante em concordância com o conhecimento. Que devemos saber que no praticante em concordância com a fé estão incluídas as raízes mais torpes significa que essas raízes mais torpes em sua culminância se constituem na prática em concordância com a fé.

12- “Sem ter-se ainda desconectado do desejo característico do mundo do desejo direciona-se para o fruto inicial. Abandonando seis fatores alcança o segundo, e volta-se para o terceiro quando nove são incontaminadas. “

Que sem ter-se ainda desconectado do desejo característico do mundo do desejo direciona-se para o fruto inicial significa que no momento em que os praticantes em concordância com a fé e em concordância com o conhecimento direcionam-se para o estágio inicial eles podem realizar esse estágio sem se desconectarem do desejo. Que abandonando seis fatores eles alcançam o segundo estágio significa que no mundo do desejo existem nove variedades de paixões: as fracas fracas, fracas medianas, fracas fortes, medianas fracas, medianas medianas, medianas fortes, fortes fracas, fortes medianas e fortes fortes. No momento em que um ignorante renuncia a seis ele se direciona para o segundo fruto. Que ao voltar-se para o terceiro nove são incontaminados significa que tendo se desconectado dessas nove paixões ele realiza o terceiro estágio.

13– “Caso tenha alcançado as dezesseis mentes a isso chamamos de estabelecimento no fruto. A emancipação em concordância com a fé se apóia em uma visão torpe e a emancipação em concordância com o conhecimento em uma visão aguçada. “

Que caso tenha alcançado as dezesseis mentes a isso chamamos de estabelecimento no fruto significa que as dezesseis mentes se chamam a mente em concordância com a sabedoria que ainda não realizou o caminho. Que realiza o estágio inicial sem ter ainda se desconectado dos desejos próprios ao mundo do desejo significa que ao se desconectar conjuntamente dos seis fatores alcança o segundo estágio e que realizando a desconexão conjunta de nove fatores alcança o terceiro estágio. Que a emancipação em concordância com a fé se apóia em uma visão torpe e que a emancipação em concordância com o conhecimento se apóia em uma visão aguçada significa que o instante do estabelecimento na emancipação em concordância com a fé se dá em função de faculdades torpes e que o instante do estabelecimento na emancipação derivada do conhecimento se dá em função de faculdades aguçadas.

14– “Não tendo ainda eliminado as paixões no caminho do cultivo, ele repete no máximo sete renascimentos. Passando de casa em casa realiza três extinções que consistem conjuntamente no fruto do caminho.“

Que não tendo ainda eliminado as paixões no caminho do cultivo ele repete no máximo sete renascimentos significa a emancipação em concordância com a fé e a eliminação das paixões no caminho do cultivo que ainda não se desconectou do mundo do desejo. Esses sete renascimentos podem se dar no mundo dos Devas ou na condição humana. Assim sendo, são no máximo sete renascimentos. Que passando de casa em casa realiza três extinções significa a extinção dos fatores fortes fracos, fortes medianos e fortes fortes. Que renasce entre os Devas ou no mundo humano significa que pode renascer em duas ou três moradas. Como consiste na realização posterior do Nirvana se chama de morada em morada. Que realiza conjuntamente o fruto significa que se estabelece no fruto inicial passando no máximo por sete renascimentos de morada em morada.

15– “Com a extinção de seis só retorna uma vez, a desconexão de oito se constitui em uma modalidade. Com a extinção de nove não mais retorna tendo saído da imundície do desejo.“

Que com a extinção de seis só retorna uma vez significa que “aquele que só retorna uma vez” realizou a extinção dos três fatores superiores e dos três fatores intermediários. O nascimento restante se dá no mundo dos Devas realizando ele o Nirvana completo em seu retorno à condição humana. Assim sendo, se chama “aquele que só retorna uma vez”. Que ao desconectar-se de oito se chama de uma modalidade implica na existência de uma modalidade que consiste na extinção de oito fatores. Como não sobra nenhum na existência restante se chama de “ uma modalidade”. Que extinguindo nove fatores ele não mais retorna significa que aquele que conseguiu extinguir nove fatores se torna “naquele que não mais retorna”. Por que razão? Por já ter saído da imundície do desejo.

16– “Quando essas nove paixões alcançam as oito regiões superiores se realiza a extinção dos dois caminhos em função do ensinamento do Venerado pelo mundo. “

Que quando essas nove paixões alcançam as nove regiões superiores significa que as nove paixões do mundo do desejo estão sujeitas à extinção através do calor e que é da mesma forma nas regiões superiores. Significa o mundo de brahma em suas oito regiões, sua luz e sua pureza onipresente. Seu fruto consiste no espaço imensurável, no local sem local e na região sem consciência nem ausência de consciência. Que a extinção dos dois caminhos é o ensinamento do Venerado pelo mundo significa que todas as paixões do mundo do desejo, do mundo da forma e do mundo do informe são extintas através dos dois caminhos. A emancipação alcança assim sua realização.

Questão: esse caminho é mundano ou incontaminado?

Resposta:

17– “Os caminhos mundanos e supramundanos implicam conjuntamente na desconexão com oito regiões. A permanência aí consiste na Iluminação com o corpo, que significa a absorção da extinção.“

Uma região no mundo do desejo, quatro regiões no mundo da forma e três regiões no mundo do informe significam ainda a extinção dos caminhos mundanos e incontaminados. O ignorante se distancia a partir dos caminhos mundanos. Ou ainda, se realiza a Iluminação com o corpo ao permanecer nos estágios da sabedoria. A absorção da extinção significa permanecer sem desejo nas oito regiões. A Iluminação com o corpo consiste no aprendizado e na realização da absorção da extinção. Por que razão? Como esse dharma se assemelha a um contato corporal com o Nirvana se ensina que consiste na Iluminação com o corpo.

18– “Vem em seguida a absorção adamantina que conduz necessariamente à realização da sabedoria da extinção. O suscitar dessa mente conduz à extinção do nascimento e à desconexão com todas as contaminações.“

Que a absorção adamantina conduz necessariamente à realização da sabedoria da extinção significa que ela se dá na região sem consciência nem ausência de consciência. Ao se desconectar com o desejo realiza o nono estágio do caminho sem impedimentos que se constitui no último instante de consciência em que ainda existe algo a ser aprendido. Elimina assim definitivamente todas as paixões sem deixar qualquer vestígio. Em função disso se chama a atividade da suprema sabedoria que se constitui no samadhi adamantino. No que diz respeito à sabedoria da extinção ela se constitui no primeiro estágio da sabedoria do não mais aprender. Que o suscitar dessa mente conduz à extinção do nascimento e à desconexão com todas as contaminações significa que ao suscitarem essa absorção se extinguem todas as contaminações. Como se trata de um instante sem apego ele realiza a emancipação em relação a todas as contaminações.

Questão: existem quantas modalidades de desapego?

Resposta:

19– “Existem seis modalidades do desapego, sendo que cinco delas surgem da fé. Ao realizar as duas sabedorias devemos saber que implicam em uma emancipação com determinações temporais.“

Que existem seis modalidades de desapego significa que o Venerado pelo mundo ensinou seis modalidades. Elas são o desapego do dharma sujeito ao retrocesso, o desapego do dharma da atenção, o desapego do dharma da proteção, o desapego estabelecido, o desapego do avanço e o desapego inamovível. Aquele que está sujeito ao retrocesso em função da torpeza de seu conhecimento e de seu avanço consiste no desapego do dharma com retrocesso, aquele que consome seu corpo perverso com o calor da sabedoria e do avanço consiste no desapego do dharma da atenção, aquele que avança amplamente apoiado no avanço constante da sabedoria do calor se chama o desapego do dharma da proteção, aquele que avança em função de sua sabedoria mediana sem se diminuir nem se prejudicar consiste no desapego estabelecido, aquele que mesmo com faculdades torpes avança amplamente sem retroceder consiste no desapego do avanço e aquele que avança amplamente em função de faculdades aguçadas é chamado de desapego inamovível. Que cinco desses desapegos surgem da fé e que conduzem à realização das duas sabedorias implica na realização das sabedorias da extinção e do não mais aprender. No que diz respeito à determinação temporal da emancipação devemos saber que o momento da emancipação consiste no instante da busca. Não é possível aqui aspirar pelo aprendizado do bem sob todas as circunstâncias.

20– “O dharma inamovível das raízes aguçadas consiste na emancipação sem determinação de tempo. Através da proteção proporcionada pelas três sabedorias promove a realização da emancipação.“

Que o dharma inamovível das raízes aguçadas consiste na emancipação sem determinação de tempo significa que o direcionar-se para as raízes aguçadas implica no dharma inamovível. Essa emancipação sem determinação temporal é possível em todos os instantes, mesmo naqueles em que não buscamos aprender o bem em função da aspiração. Através da proteção proporcionada pelas três sabedorias significa que existem as três sabedorias da extinção, do não surgimento e do não mais aprender. Que promove a realização da emancipação significa que no momento da emancipação aqueles cinco desapegos se realizam na mente da emancipação. Significa que o dharma inamovível implica na realização da emancipação inamovível.

21– “Devemos saber que a emancipação derivada da sabedoria não realiza a absorção da extinção. Apenas a emancipação conjunta realiza a absorção da extinção.“

Que devemos saber que a emancipação derivada da sabedoria não realiza a absorção da extinção significa que caso os seis desapegos não realizarem a absorção da extinção essa emancipação se chama de emancipação derivada do poder da sabedoria e não de emancipação derivada do poder da absorção. Que apenas a emancipação conjunta realiza a absorção da extinção significa que quando os seis desapegos realizam a absorção da extinção a isso se chama de emancipação conjunta na medida em que essa emancipação deriva da força combinada da sabedoria e da absorção. Já foram ensinados os Sábios. Passaremos agora ao esclarecimento das pessoas do dharma.

22– “Os dharmas da prática em concordância com a fé, da prática em concordância com o conhecimento e do caminho da visão possuem definitivamente uma única característica.“

À prática em concordância com à fé e à prática em concordância com o conhecimento chamamos de caminho da visão.

23– “ Dentre as raízes desse dharmas elas são chamadas de raízes que ainda não possuem o conhecimento. Excluindo os demais dharmas que ainda tem o que aprender, o Buda ensina aqueles dharmas que já possuem conhecimento.“

Que dentre as raízes desses dharmas elas são chamadas de raízes que ainda não possuem o conhecimento significa que dentre os dharmas do caminho da visão existem raízes como a mente e as cinco raízes como a fé que ainda não possuem conhecimento. Que excluídos os demais dharmas que ainda tem o que aprender o Buda ensina aqueles dharmas que já possuem conhecimento significa os demais dharmas separados do aprendizado do caminho da visão. Ou seja; ensina-se que esses dharmas já possuem conhecimento.

24– “Devemos saber que as raízes sem conhecimento já foram abandonadas no estágio do não mais aprender. Devemos assim nos referir dessa maneira aos caminhos anteriores. “

Que devemos saber que as raízes sem conhecimento já foram abandonadas no estágio do não mais aprender significa que sob o ponto de vista do estágio do não mais aprender esses dharmas são considerados sem conhecimento. Que devemos assim nos referir dessa maneira aos caminhos anteriores significa que quando os dharmas incontaminados avançam para o instante de sua realização eles abandonam o caminho sem impedimentos e as vias incluídas nos caminhos da emancipação.

25– “A realização da extinção implica na emancipação, sendo essa realização incluída em um único fruto. No que diz respeito à nona impureza devemos ensinar a sua extinção.“

Que a realização da extinção implica na emancipação sendo essa realização incluída em um único fruto significa que a extinção das paixões se dá no intervalo entre o caminho sem impedimentos e o caminho da emancipação. Apenas no instante da realização do fruto são extintas todas as paixões na realização única do fruto da emancipação. Que no que diz respeito à nona impureza devemos ensinar a sua extinção significa que as impurezas são extintas em função das nove modalidades do caminho. Apenas no caminho sem impedimentos da nona impureza a extinção se dá em um instante sem estágios.

26– “Se aquilo que possui características possuir um nome semelhante é possível proteger sua imobilidade. O desapego e a emancipação derivada da fé incrementam o caminho em função da identidade de suas naturezas.“

Que se aquilo que possui características possuir um nome semelhante é possível proteger sua imobilidade significa que o desapego não pode realizar a totalidade da imobilidade. Se suas naturezas implicarem necessariamente em um só nome implica necessariamente em um avanço em função desse nome. Que o desapego e a emancipação derivada da fé incrementam o caminho em função de sua natureza idêntica significa que um aspecto da emancipação através da fé está necessariamente associado ao avanço. Que as raízes que conduzem ao incremento dos benefícios realizam a visão sem exclusão.

Questão: por que razão o conhecimento do caminho da visão se dá de forma gradual?

Resposta:

27– “Estabelece-se inicialmente na distinção entre a virtude e o mal e em seguida realiza a visão do conhecimento.”

No momento em que ainda não vemos o mal através da virtude não podemos ver a virtude em sua diferença com o mal. Ou ainda, não podemos ver esse mal com a necessária clareza. Ou ainda, não podemos afastar-nos de todos os males em um único instante. Ou ainda, não podemos reunir todas as virtudes em um único instante. É em função disso que inicialmente estabelecemo-nos na distinção entre a virtude e o mal e em seguida realizamos a verdade.

Questão: como podemos conhecer os frutos condicionados e incondicionados?

Resposta: podemos realizar os frutos condicionados e incondicionados em função do poder do caminho sem impedimentos. Esse caminho realiza os frutos condicionados e incondicionados. Assim sendo, em função do poder do caminho sem impedimentos podemos realizar os frutos condicionados e incondicionados.

Abhidharmahrdaya - A essência do Abhidharma.


“Essência-1”.


Abhidharmahrdaya -“A essência do Abhidharma”.

Autoria: Dharmasresthin.

Tradução para o chinês: Sanghadeva.

Tradução para o português: Joaquim Antônio Bernardes Carneiro Monteiro.



Primeiro Capítulo - A respeito das esferas ( Dhatus )

1-“Curvo-me inicialmente em reverência ao mais excelente, àquele que superou as paixões e que possui um semblante compassivo. Expresso ainda veneração por aqueles que seguem seu ensinamento e que precisam ser verdadeiros Monges libertos do apego".

Assim é ensinado: é necessário conhecer as características dos dharmas. Por que é necessário conhecer as características dos dharmas? A sabedoria permanentemente estabelecida conhece as características permanentes dos dharmas.

Ou ainda é ensinado: chamamos de estabelecimento a sabedoria que conhece as características dos dharmas. Em função disso se ensina a necessidade de conhecer as características dos dharmas.

Questão: a existência mundana também conhece as características dos dharmas, sendo a sua asserção a expressão de uma suprema ignorância. Ela conhece ainda a característica da dureza da terra, a característica da volatilidade da água, a característica do calor do fogo e a característica do movimento do ar. Conhece ainda a característica do espaço como a ausência de impedimentos e a característica da consciência como a ausência de forma. Pretender conhecer essas coisas não é mais do que uma tautologia. Se temos que conhecer novamente aquilo que já é conhecido isso se torna um processo interminável e sem sentido.

Resposta: a existência mundana não conhece as características dos dharmas. Caso a existência mundana conhecesse as características dos dharmas ela já teria se estabelecido mesmo em seu estado não estabelecido. Sendo as características dos dharmas permanentemente estabelecidas não podemos conhece-las sem nelas nos estabelecermos. Assim sendo, devemos nelas nos estabelecer caso ainda não o tenhamos feito. Mas na verdade não estamos nelas estabelecidos. Quando dizemos que a existência mundana não conhece as características dos dharmas queremos dizer que ela desconhece a característica da impermanência, a característica do sofrimento e a característica da ausência de ãtman da característica da dureza da terra. Se não fosse assim, a característica da dureza poderia ter a característica da permanência, a característica da alegria e a característica da existência do ãtman. Não sendo assim, sabemos que a característica da dureza consiste nas características da impermanência, do sofrimento e da ausência de ãtman. Se a existência mundana conhecesse a característica da dureza ela também teria que conhecer as características da impermanência, do sofrimento e da ausência de ãtman , mas na verdade ela não as conhece. Nesse sentido podemos dizer que a existência mundana desconhece a característica da dureza.

Questão: quais são as características dos dharmas a que você se referiu anteriormente como devendo ser conhecidas?

Resposta: 

2-“Conheceu ele ( Sáquia-Muni ) as características dos dharmas , abrindo a visão da sabedoria do correto despertar e a esclarecendo em benefício dos outros. É isso que me proponho agora a esclarecer.”
Questão: quais são os dharmas conhecidos pelo Buda?

Resposta:

3-“Aquilo que é permanente, o ãtman, a alegria e a pureza se separa de todas as atividades contaminadas.”

Como todas as atividades contaminadas surgem se transformando elas se separam da permanência. Como não existem por si mesmas se separam do ãtman. Como estão sujeitas à ruína se separam da alegria. Como seu discernimento é perverso se separam da pureza.

Questão: se a permanência, o ãtman, a alegria e a pureza se separam dos dharmas contaminados como podem os seres sencientes em seu interior acolher essas características?

Resposta:

4-“É em função do discernimento da permanência que surgem as visões perversas e contaminadas.”

Os seres sencientes desconhecem as características dos dharmas contaminados recebendo assim a permanência, o ãtman, a alegria e a pureza. Eles são como alguém que discernindo alguma coisa em seu passeio noturno pensa estar vendo um ladrão.
Questão: o que são os dharmas contaminados?

Resposta:

5-“Àqueles dharmas que fazem surgir as paixões o Sábio ensina serem contaminados.”

No Capítulo sobre os Kleshas se ensina que se em função desses dharmas surgirem as paixões se trata de dharmas contaminados.

Questão: porque?

Resposta:

6-“As paixões e contaminações são existências nominais daquele que as discerne.”

Às paixões chamamos de contaminações na medida em que contaminam as entradas e em que se fixando na mente conduzem à continuidade do “devir cíclico” ( nascimentos-e-mortes ). Sendo algo não humano se denominam contaminações.
Questão: existe algum outro nome para elas?

Resposta:

7-“Chamam-se de agregados da sensação ou de discórdia derivada das paixões. A esse dharma denominamos de agregados contaminados.”

São assim chamados de esforços penosos e de discórdia.

Questão: porque?

Resposta:
8-“Como a discórdia surge em função das paixões isso deve ser claramente conhecido.”

As paixões como a visão do corpo são chamadas de paixões por atormentarem os seres sencientes. Por perturbarem o corpo são chamadas de tribulações , por levarem a mente à ira e à raiva são chamadas de discórdia. Os diversos dharmas contaminados que surgem em função de paixões como a visão do corpo são chamados de perturbações por perturbarem os seres sencientes, são chamados de sensação por produzirem sensações e de discórdia por produzirem discórdia. Como já foram devidamente esclarecidos os “agregados contaminados” devo agora esclarecer as características dos agregados.

9-“Caso os dharmas condicionados e incontaminados se separem das paixões todos os agregados mesclados com a sensação são ensinados pelo Sábio como se constituindo nos agregados.”

Questão: o que é o agregado da forma?

Resposta:

10-“Dez variedades se constituem nas entradas da forma, existindo ainda a forma subliminar e conceitual. Essa é a discriminação do agregado da forma ensinada por Sáquia-Muni.”

As dez variedades das entradas da forma são a visão, a forma, o ouvido, o som, o olfato, o odor, o paladar, o gosto, o tato e os objetos tácteis. Ou ainda conforme é ensinado no Capítulo sobre o Carma sabemos que a forma subliminar e conceitual pertence ao agregado da forma quando este é corretamente discernido. É ensinado pelo Venerado pelo mundo que:

11-“O agregado da consciência é o nome se constituindo na entrada da mente. Dentre as dezoito esferas existem sete variedades.”

O agregado da consciência é a entrada da mente. Existem ainda sete modalidades entre as esferas. Consistem nas consciências visuais, auditivas, olfativas, do paladar, do tato, da mente e da base da mente.

12-“Os três agregados restantes, a forma subliminar e os três incondicionados são denominados de entradas do dharma ou ainda de esferas do dharma.”

Os três agregados restantes consistem nos agregados da sensação, da identificação e das formações volitivas. Além da forma subliminar, os três incondicionados consistem no espaço, na extinção devida ao conhecimento e na extinção não-devida ao conhecimento. São denominados em sua totalidade como entradas do dharma ou esferas do dharma. Os agregados dizem respeito apenas aos dharmas condicionados. As entradas incluem os dharmas condicionados e incondicionados. Já tendo ensinado devidamente os agregados, esferas e entradas passo agora a esclarecer cada uma das características.

13-“Entre as esferas uma é visível, dez sofrem resistência, entre as neutras existem oito modalidades e as demais são benéficas ou maléficas.”

Que entre as esferas uma seja visível significa que a esfera da forma sendo passível de contato aqui e ali ela é visível. Devemos saber assim que as outras dezessete não são visíveis. Que dez sofrem resistência significa as dez esferas da visão, da forma, da audição, do som, do olfato, do odor, do paladar, do sabor, do tato e dos objetos tácteis. Cada um deles possui um obstáculo em seu objeto. Como só possuem um objeto e não dois dizemos que estão sujeitos à resistência desse objeto. Devemos saber ainda que existem oito sem resistência. Que existam oito modalidades neutras significa que a visão, a audição, o olfato, o odor, o paladar, os sabores, o tato e os objetos tácteis são neutros por não conduzirem a retribuições cármicas agradáveis ou desagradáveis. Que os demais são benéficos ou maléficos significa os dharmas da forma, do som, da mente e das seis consciências. Que um movimento corporal benéfico é uma forma benéfica, que um movimento corporal maléfico é uma forma maléfica e que as demais formas são neutras. São como o som, a boca e o movimento das mentes puras das sete esferas da consciência. No que diz respeito aos benéficos e aos maléficos os que surgem em concordância com as paixões são maléficos sendo os demais neutros. As características da mente das esferas dos dharmas da consciência são conforme as mentes assim ensinadas. Se não estiverem em concordância com esse ensinamento serão esclarecidos no Capítulo sobre os temas mesclados.

14-“Existem quinze contaminados, sendo os restantes duas, três e três existências. Na existência do desejo existem quatro e onze existem nas duas existências.

Que existam quinze contaminados significa as cinco esferas internas, as cinco esferas externas e as cinco esferas da consciência que permanecem associadas à contaminação. As duas restantes são a esfera da mente, a esfera da consciência e a esfera do dharma que podem ser tanto contaminadas quanto incontaminadas. Se permanecerem associadas às contaminações são contaminadas, se não permanecerem são incontaminadas. As três e três existências significa que as esferas da mente, do dharma e da consciência são três existências reconhecíveis como existências no desejo, na forma e no informe. Que existam quatro na existência do desejo significa que as consciências dos odores, sabores, do olfato e do paladar pertencem à existência do desejo e não à da forma ou à do informe pois essas renunciaram ao desejo por alimento sólido. Que onze existem em duas existências significa que nas existências do desejo e da forma existem onze esferas incluindo aí as cinco esferas internas da forma, do som, dos objetos tácteis e a esfera da consciência. Essas não existem no informe por ser ele separado da forma.

15-“O direcionamento para o objeto e o pensamento discursivo existem em cinco estando ausentes nas três atividades e nos três restantes. Devemos conhecer sete que possuem objeto e que existem poucas entradas do dharma.”

Que existem cinco que possuem o direcionamento para o objeto e o pensamento discursivo significa que a esfera das cinco consciências surge conjuntamente com esses dois fatores estando em concordância com eles. Os três das três atividades significam as três atividades das esferas da mente, dos dharmas e da consciência. Se no mundo do desejo e na primeira absorção existem o direcionamento para o objeto e o pensamento discursivo, nas absorções intermediárias não existe o direcionamento para o objeto e só existe muito pouco pensamento discursivo. Acima dessas ( ou seja: na quarta absorção ) não existe nem o direcionamento para o objeto nem o pensamento discursivo. Que não exista nos restantes significa que nas demais esferas não se fazem presentes o direcionamento para o objeto e o pensamento discursivo por não estarem em concordância com esses fatores. Que devemos saber que sete possuem objeto significa que possuindo sete esferas, seus respectivos objetos devem ser assim considerados. É da mesma forma em que chamamos alguém de pai pelo fato de ter um filho. A consciência visual tem a forma por seu objeto, a consciência auditiva tem o som por seu objeto, a consciência olfativa tem os odores por seu objeto, a consciência gustativa tem os sabores por seu objeto, a consciência táctil tem os objetos do tato como seu objeto e a consciência tem os dharmas como seu objeto. Que existam poucas entradas do dharma significa que os dharmas da mente e das funções mentais possuem objetos e que os demais dharmas não os possuem.

16-“Nove são sem sensação com a exclusão de dois que incluem igualmente os dharmas condicionados e incondicionados. No que diz respeito aos condicionados devemos saber que existem dezessete esferas.”

Que nove são sem sensação significa que a sensação implica nas bases da forma, dos dharmas da mente e das funções mentais que não se separam de suas bases quando permanecem em sua atividade. Os demais são sem sensação. Dentre as nove esferas não existe sensação. A esfera do dharma da consciência auditiva não permanece nos dharmas da mente e das funções mentais. Com a exclusão de dois significa que se as cinco esferas internas se tornarem sensações no presente elas permanecem enquanto dharmas da mente e das funções mentais. Como no passado e no futuro não existem sensações elas não permanecem nos dharmas da mente e das funções mentais. A forma, o odor, o sabor e os objetos tácteis como não se separam de suas bases se constituem em sensações presentes. É como se permanecessem nas bases dos dharmas da mente e das funções mentais. E é da mesma forma no que diz respeito aos demais. Por não se separarem de suas bases como os demais não são sensações. Que incluem igualmente os dharmas condicionados e incondicionados significa que os três incondicionados sendo permanentes não podem ser condicionados. Como as demais esferas do dharma são impermanentes elas são condicionadas. Como os dharmas condicionados e incondicionados são apresentados conjuntamente dizemos que a exposição inclui igualmente essas duas categorias de dharmas. Que no que diz respeito aos condicionados devemos saber que existem dezessete esferas significa que sendo essas dezessete esferas impermanentes elas são condicionadas. Assim sendo, devemos saber que são todas condicionadas.

Questão: discriminando dessa forma as características dos dharmas devemos defini-los em função de sua natureza própria ou da natureza de outro?

Resposta: em função de sua natureza própria.

Questão: porque?

Resposta:

17-“Os dharmas se separam da natureza de outro estabelecendo-se cada um deles em sua própria natureza. Assim sendo, devemos dizer que todos os dharmas devem ser definidos em função de sua própria natureza.”

Que os dharmas se separam da natureza de outro significa que a visão se separa da audição. Em função do pressuposto de sua separação não podemos defini-los em função da natureza de outro. Que cada um se estabelece em sua própria natureza significa que a visão se estabelece na natureza da visão. Todos os dharmas devem ser ensinados de uma forma que permita defini-los em função de se estabelecerem em sua própria natureza. Assim sendo, ensinamos que todos os dharmas devem ser definidos em função de sua própria natureza. Esses dharmas podem ser todos conhecidos em função de uma esfera, de um agregado ou de uma entrada. A respeito de todos os dharmas existe uma ampla explanação no Capítulo referente aos Sutras.