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segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Hashu Koyo (Compêndio das oito escolas)


Hashu-2

Hashu Koyo (Compêndio das oito escolas)

Segundo Capítulo- a escola Sãtyasiddhi

Autor: Gyonen

Tradutor: Joaquim Monteiro

Pergunta: por que se chama escola do Sãtyasiddhi?

Resposta: como se fundamenta no Sãtya-siddhi-Sãstra, é chamada de escola Sãtyasiddhi. Este Tratado é chamado de Sãtyasiddhi por interpretar o verdadeiro sentido do Tripitaka. Assim sendo, na seção introdutória deste Tratado expressa-se a aspiração de discutir o verdadeiro sentido do Tripitaka.

Pergunta: este Tratado foi escrito por quem e quantos anos depois do Parinirvana do Tathagatha?

Resposta: novecentos anos depois do Parinirvana do Tathagatha, um discípulo capacitado de Kumaralãta chamado Harivarman alimentava profunda aversão pelo caráter superficial e inferior da compreensão de seu Mestre e redigiu este Tratado optando pelos aspectos mais excelentes de cada escola. No período Yoshin, o Mestre do Tripitaka, Kumarajiva o traduziu, consiste ele em dezesseis seções e em 202 Capítulos. Diversos Mestres chineses escreveram muitos comentários a seu respeito. Ao ser transmitido para o Japão, ele foi empregado como base dos estudos.

Pergunta: o Tratado que fundamenta esta escola, inclui que escolas em suas vinte seções, em que consiste o seu sentido supremo?

Resposta: existem diferentes modalidades de compreensão a respeito da escola a que pertence este Tratado. Dizem alguns que pertence aos Bahusrutiyas, ou que pertence aos Sautrântikas, ou ainda que que busca pelo Mahayana e interpreta o Hinayana, que pertence á escola Dharmagupta, que optou pelos aspectos mais excelentes de cada escola do Hinayana, ou ainda, que pertence á escola Mahisasaka. Ou ainda, para os três grandes Mestres do dharma da Dinastia Liang, Fayun do templo Guangzhai, Zhizang do templo Kaishan e Sengbin do templo Shengyen, o Sãtya-siddhi-Sãstra pertencia ao Mahayana. (1) Tiantai e Ji-sang o
consideravam do Hinayana, Nanshan o considerava como parcialmente Mahayana. As opiniões destes Mestres são distintas. No entanto, depois de Jingshan e Tiantai ele foi avaliado como o aspecto mais excelente do Hinayana. Dentre o Hinayana é visto como se baseando nos Sautrântikas.
O seu aspecto mais excelente é que nesta escola se evidenciam as duas modalidades do vazio. Em função disto, existem duas modalidades de contemplação. A primeira é a contemplação do vazio de ãtman, a segunda é a contemplação do vazio dos dharmas. No vazio do ãtman, da mesma forma com que não existe água em um pote, não existe um ãtman em meio aos cinco agregados. Em função disto, chama-se a contemplação do vazio de ãtman. No vazio dos dharmas, como a substância do próprio pote não é uma realidade efetiva, como todos os dharmas como os cinco agregados são existências de caráter nominal, a isto se chama de contemplação do vazio dos dharmas. Como já estão elucidadas estas duas modalidades de contemplação, consiste nisto a sua excelência.

Pergunta: ocorre aí a extinção das duas modalidades do apego e a realização das duas modalidades do vazio?

Resposta: não é desta forma. Mesmo que discuta as duas modalidades do vazio, ele elimina apenas os obstáculos dos Klesas e não os obstáculos cognitivos.

 (2) É apenas sua compreensão que é profunda.

Seu sistema esgota-se por completo em oitenta e quatro dharmas.

(3) Mesmo não tendo avançado até o Mahayana, consiste ele no nível mais elevado em meio ao Hinayana. É verdadeiramente espantoso que não pertença ao Mahayana!!! Todos os dharmas se resumem á Verdade da extinção, a serenidade do princípio do vazio faz com que todos os dharmas aí se estabeleçam. A solidez dos dharmas é vista e interpretada como (a fluidez da) água, os eventos nominais são como um pequeno bosque em meio a uma floresta frondosa!!!

Notas.

1) Referência aos três grandes Mestres desta escola na Dinastia Liang.

2) Referência as duas modalidades de obstáculo na escola Yogacãra, a saber, o obstáculo dos klesas e o obstáculo cognitivo. O argumento aqui é que como o vazio dos dharmas na escola Sãtyasiddhi limita-se á extinção dos obstáculos dos klesas na entrada do caminho da visão do Mahayana e não inclui a extinção dos obstáculos cognitivos á plena realização búdica esta visão do vazio dos dharmas é imperfeita caso comparada com a escola Yogacãra do Mahayana.

3) Esta asserção da existência de oitenta e quatro dharmas no texto deste Tratado não pode ser confirmada por uma leitura atenta de seu texto. Ela parece derivar da
necessidade da escolástica budista medieval de estabelecer um paralelo com os
sistemas dos 75 dharmas da escola Sarvãstivada conforme presentes no
AbhidharmaKosa e os 100 dharmas conforme ensinados na escola Yogacãra do
Mahayana.


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