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segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Sãtya-siddhi-shãstra Capítulo 154 - A respeito da extinção.

 


Sãtya-siddhi-shãstra
Capítulo 154 - A respeito da extinção.


Se tiver ao Nirvana por seu objeto é chamada de mente do vazio.

Pergunta: se no Nirvana não existe a mente do dharma qual será o seu objeto?

Resposta: esta mente possui um objeto sem propriedades. Como este ponto já foi esclarecido anteriormente sabemos que se trata do conhecimento do Nirvana.

Pergunta: aonde é extinta esta mente do vazio?

Resposta: ela pode ser extinta de duas maneiras. Na primeira ela é extinta através da absorção meditativa da extinção, na segunda no Nirvana sem resíduos no momento em que é cortada a sua continuidade. Por que razão? Como estão extintas as suas causas e condições, esta mente se extingue. Na absorção da extinção ela se extingue porque seu objeto está extinto. No momento em que é cortada a sua continuidade, ocorre a extinção do carma e a própria extinção desta mente. Conforme é dito pelo tratadista, com a extinção das três mentes, do carma e dos klesas ela não volta a surgir.

Pergunta: por que não volta a surgir?

Resposta: como este praticante realizou a ausência do ãtman, extinguem-se o carma e os klesas. É como uma lâmpada que se apaga por falta de combustível. Desta forma, caso exista a mente do ãtman, dela surgem o carma e os klesas tendo a ela como seu ponto de apoio. Como não mais existem estes apoios, eles não voltam a surgir. Ou ainda, a visão correta incontaminada extingue a todas as características e nada mais resta. É da mesma forma com que o fogo se extingue após queimar a terra sem deixar resíduos. Como não existem mais as características, o carma e os klesas não voltam a surgir. Ou ainda, se existir a mente do ãtman, surgem o carma e os klesas. Quando um Arahat realiza a sabedoria do vazio, como não existe mais a mente do ãtman estes fatores não voltam a surgir.

Pergunta: esta pessoa pode não criar um novo carma, mas como é possível impedir o surgimento de um carma já cometido?

Resposta: como esta pessoa já extinguiu o carma através do discernimento correto, a retribuição não mais se manifesta. É como uma semente que não volta a surgir. Ou ainda, como não existe mais a mente do apego, não existem as retribuições. É como uma terra infértil aonde as sementes não frutificam. Ou ainda, se este praticante extinguir as características das bases da consciência, ela não ressurge em função da falta de uma base de apoio. É como uma semente que não pode frutificar em um solo infértil. Ou ainda, é em função do carma e dos klesas que este corpo é recebido, desaparecendo estes fatores ele se extingue. Como não existem klesas nesta pessoa, as causas e condições não se efetivam. Como se extinguem os carmas, eles não conduzem ao renascimento. Ou ainda, é em função dos klesas que os seres sensíveis recebem as retribuições, como não existem mais os klesas não existe o renascimento, não existindo o corpo, não existem retribuições: como podem existir aí os carmas? Quando o devedor está sob proteção, o credor nada pode exigir. É da mesma forma em relação aos praticantes. Se eles não existirem em meio ao nascimento e morte, mesmo que exista o carma ele não conduz á retribuição. Estes seres sensíveis podem sofrer a retribuição em função dos klesas, sendo esta retribuição proporcional ao seu carma. Ao realizar a emancipação, não ocorrem mais estas retribuições. Ou ainda, o próprio carma surge em conjunto com sua retribuição, se esta pessoa praticar o vazio, como não existem características intrínsecas dos dharmas, os carmas não produzem sua retribuição. É como escravizar seu próprio filho, não existe aí nenhum proveito. E ainda é desta forma. Ou ainda, o poder dos klesas transforma o carma, a energia dos klesas não se transforma no carma. É como uma mãe que amamenta o filho com seu próprio sangue. Como se extingue o desejo, ele não volta a se manifestar. Ou ainda, uma pessoa se cultiva através do poder da virtude dos preceitos, da absorção meditativa e do discernimento. Como é grande o seu poder o carma não volta a se manifestar. Assim sendo, mesmo que exista um carma já realizado, ele não conduz á retribuição. Como é fraco o carma desta pessoa, ele não volta a se manifestar e não produz um novo carma. É como as cinzas extintas que não conduzem a uma nova combustão. Também é assim a respeito desta pessoa. Como ela não a recebe, extingue-se a retribuição. É através da extinção das três mentes que se realiza a emancipação em relação a todo o sofrimento. Em função disto, a sabedoria deve extinguir a estas três mentes.


Traduzido por: Prof. Dr, Joaquim Monteiro

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