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quarta-feira, 22 de dezembro de 2021
quinta-feira, 16 de dezembro de 2021
segunda-feira, 4 de outubro de 2021
Sãtya - Capítulo 142: a respeito das características do nominal.
segunda-feira, 16 de agosto de 2021
Artigo: Projeto de tradução e pesquisa do Sãtya-siddhi-Sãstra
Sãtya-141
Quarta seção: a Verdade da extinção.
Capítulo 141: a proposição do Nominal.
O Tratadista afirma: chamamos de Verdade da extinção à extinção das três modalidades de mente. Ou seja, a Mente Nominal, a Mente do
Dharma e a Mente do Vazio.
Pergunta: de que forma são extintas estas três mentes?
Resposta: a Mente Nominal pode ser extinta através do
discernimento derivado do processo de muito ouvir ou através do discernimento
que deriva do processo do cultivo. A Mente do Dharma é extinta através do
discernimento do vazio conforme presente em dharmas como o calor. (1) A Mente
do Vazio é extinta através da entrada na absorção da extinção ou na entrada no
Nirvana sem resíduos. Ela se extingue no momento em que se dá o corte da
continuidade.
Pergunta: o que é a Mente Nominal?
Resposta: consiste no discernimento derivado dos agregados.
Ele ensina que existe uma pessoa em função dos cinco agregados, da mesma forma
com que se diz que existe um pote em função dos odores, dos sabores e do tato
que constituem a forma.
Pergunta: por que isto é chamado de Nominal?
Resposta: O Buddha afirma nos Sutras, da mesma forma com que
chamamos de carro uma combinação do rodas, a combinação dos agregados é chamada
de pessoa. Ou ainda, da forma com que o Buddha se dirige aos Bhikkus: os
dharmas são impermanentes, insatisfatórios, vazios e ausentes de ãtman. Eles
surgem em função de diversas condições não possuindo uma natureza fixa. É
apenas em função de seus nomes que eles se tornam objetos da memória e passam a
exercer uma função. É em função destes cinco agregados que surgem diversos
nomes como os seres sensíveis, os humanos e os Devas. Como neste Sutra não
existe o obstáculo da existência efetiva de um dharma, existem apenas os nomes.
Ou ainda, o Buddha ensina as Duas Verdades que são a Verdade rigorosa e a
Verdade convencional. A Verdade rigorosa consiste em dharmas como a forma e o
Nirvana, a Verdade convencional consiste apenas em nomes sem substância alguma.
Da mesma maneira com que as causas e condições da forma constituem um pote, as
causas e condições dos cinco agregados constituem a pessoa.
Pergunta: se não existe esta Verdade convencional em meio á
Verdade rigorosa, como é possível expressar o discurso?
Resposta: os seres sensíveis da esfera mundana empregam as
convenções. Como podemos saber disto? Se falamos do fogo em função da
combustão, as pessoas ainda podem acreditar. Como os Buddhas e Sábios querem
fazer com que elas se afastem do nominal, eles empregam as convenções mundanas.
É como o Buddha afirma nos Sutras: eu não entro em controvérsias com o mundo,
mas o mundo entra em controvérsia comigo. Como o Sábio não entra em conflito,
as pessoas do passado desejavam falar de alguma coisa se referindo de forma
nominal a respeito do surgimento de todas as coisas. Se objetos como um pote
fossem palavras eles não possuiriam uma função. É por causa disto que se fala
na Verdade convencional. Ou ainda, se o ensino através das Duas Verdades
implicasse na pureza do Buddhadharma, não existiria uma superioridade em função
da Verdade Rigorosa. É em função da Verdade convencional que não ocorre a
disputa com os ignorantes. Ou ainda, se através das Duas Verdades não ocorrer a
queda nos pontos de vista do aniquilacionismo e do eternalismo, não ocorre
nenhuma queda em uma falsa visão nem o extravio nas perspectivas do ascetismo e
do hedonismo. É em função disto que questões como o karma e seus frutos possuem
consistência. Ou ainda, a Verdade Convencional é a base do ensinamento dos
Buddhas. Caso ocorra um renascimento em boas condições através da generosidade
e dos preceitos, este dharma dirige a mente para facilitar a aceitação do
ensinamento. Em função disto, ensina-se posteriormente a Verdade Rigorosa. Esta
forma de ser do Buddhadharma não é profunda em seu ponto de partida. Como ela
busca atravessar gradualmente um grande e profundo Oceano, ela recorre á
Verdade Convencional. Ou ainda, como o objetivo de proporcionar a realização do
caminho do discernimento, ele se refere a dharmas que existem efetivamente.
Conforme disse o Buddha, o Bhikku Rahula realiza agora o discernimento do
caminho. Devemos ensinar aí um dharma que existe efetivamente. É em função da
metáfora do calor que isto se realiza facilmente. É desta maneira que se
cultiva a flexibilidade da mente através da Verdade Convencional. Ela é
desfeita posteriormente em função da Verdade Rigorosa. Ou ainda se ensina nos
Sutras, no início se discernem os dharmas, posteriormente é conhecido o
Nirvana. O praticante sabe no início que as descrições nominais são reais,
realizando posteriormente a Verdade da extinção. Ou ainda, os Klesas são
simples no início e se tornam posteriormente detalhados e complexos, sendo
conduzidos em seguida á sua extinção. É através de formas como o cabelo que se
extingue a diferença entre homens e mulheres e é através das características da
forma que se extinguem as características do cabelo. Posteriormente é através
da característica do vazio que se extinguem as características da forma. A Verdade
Convencional é algo que nos faz sair da uma caverna depois de ter nela
penetrado. Ou ainda, é através da Verdade Convencional que possui consistência
o caminho do meio. Por que razão? É em função da continuidade dos cinco
agregados que não ocorre a aniquilação, e é em função de sua extinção a cada
instante de consciência que se supera o eternalismo. O distanciamento em
relação ao aniquilacionismo e ao eternalismo é chamado aqui de caminho do meio.
Conforme é ensinado nos Sutras, é através da visão da origem da existência
mundana que se estingue a visão do nada, e é através da visão de sua extinção
que se extingue a visão da existência. Como é através da Verdade Convencional
que ocorre a visão da origem, é em função da visão da extinção que se fala na
Verdade Convencional. Ou ainda, é através da Verdade Convencional que todo o
Buddhadharma é verdadeiro. Existem aí os Portais da existência do ãtman e de
sua negação. Se falarmos a partir da Verdade Convencional não existe erro em
falar do ãtman e é em função da Verdade Rigorosa que é verdadeiro o ãnatman. Ou
ainda, é em função da Verdade Convencional que se colocam as questões difíceis:
ela possibilita responder a respeito de todos os dharmas efetivamente
existentes. Ou ainda, se um ser sensível estiver envolto em uma ignorância
profunda, se respondermos de forma literal ele pode afundar nas trevas desta
mesma ignorância. Por que razão? Porque estas visões do ser e do não ser
consistem precisamente no aniquilacionismo e no eternalismo. Não é possível
conduzir os praticantes para além dos extremos do ser e do nada sem o recurso á
Verdade Convencional. Ou ainda, se a pessoa ainda não tiver realizado o verdadeiro
discernimento do vazio, e lhe for ensinado que não existem seres sensíveis a
isto se chama a falsa visão. Como seres sensíveis não existentes estão sujeitos
ao nascimento e á morte, isto é chamado de falsa visão. Se for dito que não
existem seres sensíveis através da realização do vazio, não existe aí equívoco
algum. Conforme é ensinado nos Sutras, a Monja que realizou a condição de
Arahat fala se dirigindo a um demônio: ao que você se refere quando fala nos
seres sensíveis? Só existem efetivamente os cinco agregados e nenhum ser
sensível. Ou ainda afirma, este corpo é vazio e constituído através da
continuidade dos cinco agregados, não possuindo existência própria. Ele é como
uma ilusão ou uma aparição criada pela mente dos ignorantes. O olho é como a cólera
ou como um bando de salteadores. Aquilo que é insatisfatório, vazio e ausente
de ãtman consiste apenas nas características do surgimento e da extinção.
Pergunta: se trata aqui de uma mente sem propriedades. Por
que razão ela pode ser tanto chamada de falsa visão quanto de Verdade Rigorosa?
Resposta: Se uma pessoa ainda não tiver feito surgir o
verdadeiro discernimento do vazio, como ela possui a mente do ãtman, se ela
ouvir a respeito do ãnatman será possuída pelo temor e pela ansiedade. Se o
Buddha voltar a falar no vazio e no ãnatman com um ignorante, ele será
completamente possuído pela ansiedade. Em função disto, como ele ainda não
realizou o discernimento do vazio, possuindo a mente do ãtman, ele teme o
Nirvana em função de sua ansiedade. A isto chamamos de falsa visão. Ao realizar
o verdadeiro discernimento do vazio, ele compreenderá o caráter originalmente
vazio e não alimentará temor. Ou ainda, esta pessoa que ainda não realizou o
verdadeiro vazio pode cair em uma visão perversa ao contemplar a ausência de
características. Ou seja, na visão perversa do aniquilacionismo. Se esta pessoa
for instruída no início através da Verdade Convencional de que existe o ãtman,
ela poderá desenvolver uma confiança inicial na causalidade cármica, vindo
posteriormente a realizar a visão da impermanência e das características do
surgimento e extinção de todos os dharmas. Ela irá realizar gradualmente a
extinção e a ausência da mente do ãtman. É em função disto que se fala na
Verdade Convencional. Ou ainda, os caminhos externos (2) acusam o Sramana
Gotama de violar a verdade do ãtman. É por causa disto que o Buddha diz que que
afirma a existência dos seres sensíveis através da Verdade Convencional em meio
a uma visão correta. A existência dos seres sensíveis se refere á sua
perambulação através do nascimento e morte se constituindo em uma visão
correta. É apenas em função dos falsos pensamentos de um ignorante que se fala
da existência efetiva dos seres sensíveis. Eu desfaço esta falsa visão sem
desfazer os seres sensíveis. É da mesma forma com que se fala que um pote é uma
existência nominal. Neste contexto, o pote não consiste de fatores como a
forma. Não existe um pote separado de fatores como a forma. Da mesma maneira,
os seres sensíveis não são fatores como a forma. Ou ainda, não é possível
encontrar os seres sensíveis separados da forma. Fatores como a forma não podem
ser confundidos com o nominal. Desta maneira, a característica da extinção é
associada á forma. Como se trata de uma metáfora, isto é fácil de ser
entendido. Uma lâmpada é uma lâmpada, mas não existe a função da lâmpada. Da
mesma maneira com que se diz que um pote não é uma existência efetiva, mesmo
que se fale dos cinco agregados não se trata da Verdade Rigorosa.
Notas.
1) Usmagata ou o calor, o primeiro dos estágios
mundanos do caminho.
2) Caminhos externos são os ensinamentos não
budistas.